quinta-feira, 4 de junho de 2009

futurismo do passado



No fantástico mundo da moda tudo é possível. Dentro de sua esfera de criação é permitido utilizar recortes do passado e do futuro e fazer análises sobre a sociedade e seu comportamento através do tempo e espaço. Dentro de suas vertentes, a moda influencia e se baseia nas mais variadas manifestações artísticas e culturais, sendo o cinema o principal deles.

Grande sucesso do gênero sci-fi o filme “Blade Runner”, de Ridley Scott, foi um marco para a década de 80. Com seu estilo visionário de representação, ele nos remete a uma Los Angeles tomada pelo caos e faz uma alusão futurista a respeito da desordenada sociedade urbana. Num cenário tomado pela estética de grande impacto o figurino se destaca por sua versatilidade ao conseguir retratar estilos totalmente opostos, já que coloca o moderno e o vanguardista em xeque.

Inserido no contexto de pós modernidade o filme retrata um visual que rompe com os padrões clássicos inseridos até então nas telas de cinema, com o figurino de Pris. Na cena em que se camufla entre várias bonecas a personagem está caracterizada como uma delas. Com um véu branco cobrindo o corpo e os olhos pintados de preto, Pris deixa bem clara a idéia da mulher artificial e plastificada, com a qual a andróide personifica a boneca tecnológica.

Apesar do impacto que a imagem de Pris causou na época, por ser muito futurista, a construção desse conceito é muito utilizada atualmente e gera tendências que podem ser vistas através da moda.

Por outro lado o filme retrata a imagem clássica. Com um visual totalmente vanguardista, que remete ás tendências Noir (estilo clássico do cinema nos anos 40), a personagem Rachel representa a mulher frágil porém poderosa, no melhor estilo femme fatale.


Seu figurino é repleto de peças que insinuam a feminilidade explorada através da silhueta, uma tendência criada por Christian Dior nos anos 40. Esse estilo representa exatamente a capacidade que a moda tem de inovar sem perder as raízes clássicas. Até Valdemar Iódice se jogou nessa trama futurista e se inspirou no filme para criar sua coleção de inverno 2009.


Quase três décadas depois, embora não tenhamos carros flutuantes, seres humanos geneticamente melhorados e colonização espacial, vivenciamos a estética pós-moderna do filme de 82, com acúmulo, sobreposição e des(ordem) de signos, tanto na sociedade contemporânea quanto na moda.